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Archive for novembro \29\+00:00 2009

Lamentos

Enquanto todos estão adormecidos, eu canto em meu auto-sacrifício. Eu observo as luzes no mundo e tento compreender cada pequeno pedaço em meu ser. Uma pequena parte em mim que morre em função do intento e ainda que me sacrificando, eu me sinto feliz, como se finalmente eu estivesse fazendo algo de grandioso em minha vida. Esse é o meu caminho.

O silêncio que precede essa emoção, às vezes é mais confortante que uma oração, entendo que diante de seus olhos eu sou uma peça de arte, a qual se olha, se examina e até admira, mas nada em mim o toca em meu silêncio. Eu estaria morta? Não, simplesmente adormeço. Sou como uma pluma a voar no vento, insignificante lamento, não há nada para sonhar.

E meu olhar desliza num amanhecer nebuloso, onde o cinza devora todas as cores, silenciosa eu esperei que houvesse palavras suas para ler, não que isso seja um tormento em si, mas tuas palavras foram a fonte do meu alimento, um alimento de alma que me impulsionava voar entre as mais distantes galáxias. Suas palavras eram o sopro de leveza que me arrancavam todo o peso e agora elas se foram, se perderam, me esqueceram.

Num profundo silêncio onde o nada é apenas o eco de algo que um dia poderá vir a ser. Às vezes isso é muito triste, mas eu estou sorrindo, não porque eu estou contente, mas porque é o único modo de fazer sumir todos esses choros internos, ou esse maldito desejo que internamente berro, assim ninguém sabe que dessa parte morta há algo que ainda vive, entre sonhos, neuroses e crises, só mais um lamento.

Eu sou um ser confuso, um ser que teme e arrisca, que sempre morde a isca, um ser estranho que pede para que vá embora e que implora pelo seu retorno no dia seguinte, um ser maluco que te congela e que te faz arder. Com quais belas palavras me descreveria? Obscura, sinistra, obliqua, maldita, total incompreensão? Por que me faz chorar quando deveria me fazer rir? Porque estou rindo quando todos os motivos são tristes?

Eu só queria que me ouvisse por um único momento, que me ouvisse de verdade, que deixasse com que minhas palavras em seu ser entrassem, que forçasse uma compreensão. Indesejada determinação. Nossas palavras não exprimem nada, são nossos gestos que nos colocam em comunhão. Conhecimento? Um mal, uma maldição, um infeliz destino! Se eu não soubesse nada, talvez eu seria compreendida, um mal com um mal se cala e as portas se fecham e eu seria só mais alguém a vagar pelo mundo.

Mas, decidi que a liberdade seria meu abrigo e que o conhecimento seria meu amigo, por isso que eu tive um triste destino de solidão. E quando me movo todos os deuses estão atentos, quando choro, é só mais um fiel lamento, isso é algo que eu sei bem fazer. E quando me calo é por tristeza, quando me fecho é por rejeição e quando confesso, esse deverá ser um preço a ser pago, porque nesse instante com amor te afago e isso não te faz morto.  

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Os dias passam e surpresos (se é que haveria qualquer necessidade disso) notamos que nada mais é o mesmo. Ainda que olhe para o mesmo rio várias vezes, perceberá que nunca estará olhando para a mesma porção de água novamente, já diziam os budistas. As coisas vão chegando ao seu limite, outras apenas começaram e ainda que pense que é só o fim, para nosso grande assombro tudo é só o começo. Assim é que morremos a cada expiração.
Ninguém tem o direito de destruir, estragar e magoar só porque está triste. Ninguém tem o direito de arregaçar as mangas e levar todo mundo a loucura só porque não teve um bom dia. Mas, outros, entretanto, têm o poder de colorir a vida como uma tela em branco e esses parece sumir às vezes em meio à névoa da confusão cotidiana que se instala em cada mínima parte de nossa mente, caótica-mente. Nuvens cintilam a atmosfera mental e acho que acabei de ouvir uma trovoada em minha cabeça.
Sensação de loucura, eu aceito, logo que nada está sob o meu controle, algo muito maior que eu dirige esse carro louco agora e estou no banco do passageiro só esperando pela próxima paisagem. E quando seus olhos perseguem todo aquele horizonte, nós nos questionamos o que temos feito diante das coisas que devíamos apenas contemplar. Ensine-me isso, doce lobo, ensine-me a contemplar, porque tudo o que sei é me jogar, jogar em qualquer precipício que me deslumbre. Pegue a minha mão, diga que está tudo bem esta noite e mostre-me o lugar seguro onde acampamos.
O vento sacode as persianas e por um momento não sei se sou o próprio vento, correndo por um mundo devorador, cavalgando pelos estados de percepção e quando os devaneios tornam-se toda esta realidade, cara, então temos de sentarmos e observarmos porque isso é tudo o que mais temos como real. Você sabe, eu voei pelo mundo, conheci lugares onde poucos realmente estiveram e lá, na distância infinda de um mundo bizarro, você segurou minha mão e dentro de minha confusão fez me sentir que estava tudo bem.
É assim mesmo, confuso e monstruoso, é assim mesmo, segue adiante…
Noite, o vento procura vencer o calor, o terrível calor que aquece os copos frios sobre a mesa, um brinde a Freyja, um conto de paixão, deslumbramento e loucura, e, a musica, sim a musica fala sobre o templo do amor e se isso não foi uma sincronicidade, talvez aquele estado meditativo que me assolou tão de repente, só me fez correr por ruas vazias num estado de espírito duvidoso. Mas, não questiono o toque suave da brisa que imita seus movimentos, não, são apenas espectros noturnos que imitam o nosso canto. Doce encanto, no lar, na chuva, ao cantar no vento um mantra sereno procurando um lobo.
Fumaça, cigarros, ventanias, leis… Bem-vinda ao mundo que vivemos, um ato estranho, um beijo silencioso, as sombras não puderam nos esconder, o doce cantar da madrugada, a cerveja me embriaga e mal começa o dia… Dia travesso cheio de sol e brincadeiras, no celular a mensagem rápida de alguém que escolheu entrar na minha vida. Mais uma pessoa, mais um dia e nada mais é como era ontem. E ao longe no horizonte aquele lobo me vigia e eu sorrio pronta para encarar o dia.

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