Enquanto todos estão adormecidos, eu canto em meu auto-sacrifício. Eu observo as luzes no mundo e tento compreender cada pequeno pedaço em meu ser. Uma pequena parte em mim que morre em função do intento e ainda que me sacrificando, eu me sinto feliz, como se finalmente eu estivesse fazendo algo de grandioso em minha vida. Esse é o meu caminho.
O silêncio que precede essa emoção, às vezes é mais confortante que uma oração, entendo que diante de seus olhos eu sou uma peça de arte, a qual se olha, se examina e até admira, mas nada em mim o toca em meu silêncio. Eu estaria morta? Não, simplesmente adormeço. Sou como uma pluma a voar no vento, insignificante lamento, não há nada para sonhar.
E meu olhar desliza num amanhecer nebuloso, onde o cinza devora todas as cores, silenciosa eu esperei que houvesse palavras suas para ler, não que isso seja um tormento em si, mas tuas palavras foram a fonte do meu alimento, um alimento de alma que me impulsionava voar entre as mais distantes galáxias. Suas palavras eram o sopro de leveza que me arrancavam todo o peso e agora elas se foram, se perderam, me esqueceram.
Num profundo silêncio onde o nada é apenas o eco de algo que um dia poderá vir a ser. Às vezes isso é muito triste, mas eu estou sorrindo, não porque eu estou contente, mas porque é o único modo de fazer sumir todos esses choros internos, ou esse maldito desejo que internamente berro, assim ninguém sabe que dessa parte morta há algo que ainda vive, entre sonhos, neuroses e crises, só mais um lamento.
Eu sou um ser confuso, um ser que teme e arrisca, que sempre morde a isca, um ser estranho que pede para que vá embora e que implora pelo seu retorno no dia seguinte, um ser maluco que te congela e que te faz arder. Com quais belas palavras me descreveria? Obscura, sinistra, obliqua, maldita, total incompreensão? Por que me faz chorar quando deveria me fazer rir? Porque estou rindo quando todos os motivos são tristes?
Eu só queria que me ouvisse por um único momento, que me ouvisse de verdade, que deixasse com que minhas palavras em seu ser entrassem, que forçasse uma compreensão. Indesejada determinação. Nossas palavras não exprimem nada, são nossos gestos que nos colocam em comunhão. Conhecimento? Um mal, uma maldição, um infeliz destino! Se eu não soubesse nada, talvez eu seria compreendida, um mal com um mal se cala e as portas se fecham e eu seria só mais alguém a vagar pelo mundo.
Mas, decidi que a liberdade seria meu abrigo e que o conhecimento seria meu amigo, por isso que eu tive um triste destino de solidão. E quando me movo todos os deuses estão atentos, quando choro, é só mais um fiel lamento, isso é algo que eu sei bem fazer. E quando me calo é por tristeza, quando me fecho é por rejeição e quando confesso, esse deverá ser um preço a ser pago, porque nesse instante com amor te afago e isso não te faz morto.