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Archive for the ‘Universo’ Category

O sol aponta no horizonte e a cidade começa a ficar bastante ruidosa. Muitas coisas não fazem o menor sentido nesse momento, fiquei bem triste ao ver que eu havia magoado um amigo, porém aos poucos eu fui notando algumas coisas, algumas conversas sobre beleza, sobre alucinações, sobre planos futuros, divisões de camas, a fúria alheia, as maluquices nas quais as pessoas se apóiam e fechei a noite com a imensidão do universo.

 

A imensidão do universo, universos sobrepostos, universos paralelos, princípio da incerteza! A única grande verdade que conseguimos mais ou menos chegar é que ninguém sabe de nada e isso pode ser mentira também, de repente pode ter algum individuo feliz entre nós dizendo algo como: “Ah, seus idiotas, vocês realmente são uns idiotas” e saber sobre que ele está falando. Mas, isso acontece com todos nós durante o dia-a-dia. Cedo ou tarde acabamos num ponto onde sabemos de algo que outra pessoa não sabe e balançamos a cabeça num gesto desesperado: “Como não sabe sobre isso?”.

 

Porém, saber que pode haver milhares de universos e que vivemos num multi-universos não faz de mim uma pessoa mais feliz, faz-me sentir que eu ainda sou mais burra do que sempre fora e que não há cristo no mundo que pode aliviar a minha carga enorme de ignorância. Mas, ainda assim, quem me dera que todo o problema que eu tivesse fosse algumas cuecas que eu tivesse pra lavar. Uma vida ordinária é sempre uma vida ordinária, eu sou ordinária.

 

E enquanto eu escrevia, um pombo sentou-se num fio da eletricidade pública, sentou-se como os pombos sabem sentar e me disse um olá. Então, o sol brilhou pela janela tocando meu corpo e eu soube bem o que aquele pombo veio me dizer. Ele voou dizendo que é um tempo feliz e um tempo feliz é tudo o que uma pessoa que decidiu ser aquosa e complacente gostaria de ter. E eu sorri e saí dançando pelo escritório, como somente uma pessoa feliz pela presença dos deuses sabe ficar.

 

Não, eu não quero me aprofundar na noite, eu quero me aprofundar no sol, o sol profundo que ilumina e aquece todas as coisas. Não quero ser apenas uma porção de água, eu quero estar fervente. Ser uma nuvem deslizando no céu quando o sol parece estar quente demais. As nuvens estão rolando e eu estou rolando dentro delas. Eu estou tão sensível, estou tão sensível… Por isso seja generoso comigo e gentil e me faça um carinho ao invés das discrepâncias de sempre. Se for possível não fale, mas me toque, me toque com toda a profundidade do seu ser, como uma droga alucinógena, como uma planta que me envolve em plena manhã e me ergue acima de qualquer percepção conhecida.

 

Eu estou cantando ao vento. Pode ouvir minha voz? Você pode ouvir minha voz? Estou farta das maldades, estou farta das bondades e sedenta, sedenta por desfrutar, engolir cada pequena gota de cada precioso momento. Venha, dance comigo, mexa-se, você não pode parar agora porque nada pode estar parado. Jogue-me no fogo e me faça ferver. Vocês já me deixaram triste demais, agora me façam sorrir. Dancem comigo essa musica e vamos esquecer todas as mordidas e tapas que demos uns nos outros. Vamos dançar porque só isso faz sentido em todo o universo, o resto é pura especulação, pura teoria.

 

Deixem me dançar! E vamos, dancem comigo! Criando, rindo e destruindo. É assim que bailarinos do universo levam as suas miseras vidas adiante dentro de um gigantesco mar de possibilidades. Ah! Eu sou feia, eu sou muito feia, mas eu não me importo, porque existe uma luz bem bonita dentro de mim, uma luz bem bonita que faz com que eu divida camas, que me faz esperar guerreiros voltarem da guerra, que me faz caçoar de pessoas importantes, revolucionando toda a minha geração. Uma luz bonita que só faz dançar.  Dançando com os deuses! Dançando com iguais! E é assim que eu recebo o verão, dançando…

 

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Sento num velho banco de concreto numa praça feia e suja, talvez nem devesse mencionar que fedida também. Os fones nos ouvidos porque sinceramente não consigo viver sem musica. A sensação de estar sendo observada ou questionada me incomoda… As pessoas sempre querem saber o que uma maluca com uma mochila nas costas está fazendo sentada numa praça às oito da manhã. Ou talvez não, talvez fosse somente aquela necessidade de auto-importância que me impele a criar algo como egocentrismo, achando que o mundo gira em torno do meu umbigo.
Deixo um pouco minha timidez infundada de lado quando vejo teias de aranhas balançando ao vento presas somente a uma arvore, uma arvore muito próxima a mim, tão próxima que eu podia sentir sua respiração de arvore, seja isso o que for. É impressionante descobrir um pensamento fugaz que se prende em sua consciência e por um momento você tem toda a certeza do mundo que aquela arvore e que todas as outras arvores do mundo não gostam de você e nem de ninguém da sua espécie. E por um momento, enquanto cachorros pretos passeavam atrás de mim, eu notei que gosto mais de cachorros do que de arvores. Eu sei, isso não parece fazer sentido algum, e não faz mesmo, só pensei no óbvio.
A idéia de viagem no tempo, de tecelagem e destino passa em minha cabeça. Bendita teia de aranha, bendito amigo que me ensina coisas por e-mail. Não importa o que nós pensamos a respeito de tudo, no final das contas às vezes sinto que somos influenciados por algo muito maior e bem mais impessoal do que julgamos, figuras que bailam ordenadamente num turbilhão de caos. E eu luto para não me perder, para não perder o meu objetivo, tentando me lembrar constantemente o que exatamente me trouxe aqui. E sinceramente, foram pequenas escolhas e decisões dentro de uma confusão que criou tudo isso e nesse bailado de ações sem nexo é que talvez algo muito maior se forme.
Às vezes passa em minha mente que eu devo me lembrar de quem eu sou, lembrar das coisas em que acredito, notar tristemente que nem tudo é exatamente do modo como eu queria que fosse e lidar com minhas escolhas anteriores, nas pequenas crenças que eu fiz das pessoas e lidar com a minha frustração ao notar que eu estava tão cega pelo desejo que jamais pude ter uma visão clara sobre tudo. Quando você faz parte de algo, você realmente faz parte de algo. Sou uma célula dentro de um corpo maior e tudo o que eu tenho que fazer é desempenhar a minha função.
De qualquer forma, como levar tão a sério qualquer idéia? Uma hora esse universo vai explodir mesmo, queiramos ou não e enquanto tentamos buscar uma idéia maluca de sermos importantes e agentes essenciais para o pulsar de vida do universo, nos esquecemos que nós mesmos somos pequenos fantoches guiados por uma força muito maior e impessoal. Pequenos pedaços de algo imensurável. Mas, esse foi o caminho que eu escolhi para mim quando eu ouvi o chamado, sem entender de nenhum modo o que era o chamado.
Grandes verdades universais, descobertas fundamentais, mecânicas e desenvolvimentos… Deixe-me falar de mim, já que nada mais no mundo vai se importar em falar sobre mim além de mim mesma e quando eu me for, não terei deixado nenhum passado de glória, embora creio que serei lembrada, de alguma forma e isso seria imortalidade, talvez. E isso porque eu quero fugir de minha auto-importância. Que se dane, eu só quero ser eu mesma e mensurar minhas minúsculas mudanças nesse processo. Não eu não sou tão banal quanto as pessoas podem pensar por aí e nem quero ser o protótipo de uma nova raça, uma nova espécie, mas sou uma guerreira e encontrei algo dentro de mim hoje e isso não faz sentido ainda, estou apenas tentando ser um pouco melhor, um pouco mais nobre, um pouco mais justa. Não com os outros, nem com o mundo, eles sobrevivem por eles mesmos, falo de mim.

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